terça-feira, 3 de abril de 2012

Travessia da Serra de Maranguape


A muito tempo eu ouvia falar da travessia da serra de Maranguape. Amigos, que muitas vezes se aventuraram, comentavam que em 3 dias e 2 noite era possível trilhar  a serra de ponta a ponta. Chegaram as férias, e dentro de uma semana montei o script, postei na comunidade e esperei se algum maluco apareceria pra investir na sociedade. Alguns se atreveram, mas na hora broxaram. Então, entre umas olhadas e outras pelo google earth, consegui marcar os principais ponto os quais eu iria passar. Feito isso, montei o equipo e entrei em contato com o Selva. Liguei uma semana antes para o Adriano, falei que estava querendo fazer a travessia e perguntei se ele toparia dá uma de guia, já que era um dos que comentava muito sobre o tal trekking. Fui direto ao ponto, e sabendo que ele gostava de lua, sugeri a partida para o dia 25/06, noite que a Lua estava cheia. Assisti ao jogo do Brasil que ficou no 0 x 0 com Portugal, peguei minha mochila que tinha deixado já pronta, montei na moto e seguí para Maranguape. Chegando lá levei um cagaço do Adriano por chegar atrasado. Disse, foi o jogo mah! Afinal, o cara torce Argentina, é mole!! Comprei água e uns 600ml de álcool no posto de gasolina, e mais 600 de pinga segundo o Adriano esta era um presente para o caseiro, Seu Manuel, do sítio Zacarias. Liguei pro Célio, outro que sabia da travessia. não ia, mas me ajudaria com um local para guardar a moto. Blz, guardei a moto, como já era caminho eu e Adriano seguimos, primeiro em direção ao sítio boa vista. Mas, isso era só o nicio, Adriano  na frente, seguiu tranquilo. Eu depois de umas paradas de descanço, cheguei também ao primeiro pit stop, sítio "Boa Vista". O relógio já marcava umas 5:40h e logo logo ia escurecer. Aproveitei para beber a água de uns cocos e também encher meu cantil com ela... Adriano, já deu o toque para continuarmos com a subida. E foi o que fizemos, passei uma lanterna pra ele e seguimos, agora rumo ao sitio Zacaria, local pra descansar e passar a noite.  Essa partir da trilha é mata fechada mas, a trilha é bem visível, logo não tivemos dificuldades e  eu, já que acostumado, não estava mais sentindo o cansaço como na primeira parte da subida. Chegando ao sítio zacarias, por volta da 7h da noite, fiquei preocupado já que estávamos chegando sem avisar. Como já conhecíamos o caseiro Emanuel, seguindo tranquilo até começar os latidos do cachorro do sítio. O Sr. manel estava acordado e logo percebeu a nossa chegada. A lua estava clara, ficamos parados no tereiro da pequena casa de taipa até o Sr. Emanuel aparecer. Muito receptivo como sempre, seu manel nos reconheceu, falamos que estávamos fazendo a travessia da serra e que iriamos passar a noite ali. Sem problemas? Sem problemas, foi a resposta dele. Tirei a barraca da mochila, e a deixei ali no terreiro mesmo, já no local de armar. Formos para o outro lado da casa, nos fundos, onde fica o acesso à porta da cozinha. Sr manel não estava sozinho, tinha mais dois primos com ele, mas estes continuaram deitados. Tomamei meu banho e fui preparar o rango. Adriano, que não parava de falar, depois de muita delonga foi tomar o dele. Preparamos um sopão, e um saboroso refresco de graviola. Depois o Adriano presenteou o Sr. Manel com a pinga, onde o mesmo já foi misturando com umas cascas de pau, que eu não sei o que era, mas tinha um cheiro bom. Armamos as nossas barracas, montamos os ninhos e passamos uma noite tranquila. Ao amanhecer preparamos um café, agradecemos a estadia ao Sr. Manel e seguimos em frente. Agora, como o objetivo de chegar ao sítio tico correia. Daqui pra frente toda a trilha era desconhecida para mim. Em uma trilha plana e cercada pelas árvores, assim, continuamos a caminhada por uns 10min, momento da parada e o grande Adriano resolve fotografar as pedras. Continuamos, seguindo até nos debater com a primeira bifurcação. Com o  "guia" confuso, formos à sorte e pegamos a esquerda por uma via mais aberta. Seguimos no caminho, que por sinal estávamos descendo muito e isso não era bom, até encontrar dois nativos que estavam  se refrescando na nascente e quebrando coco seco na quina de pedra. Pedimos orientação aos amigos e nos sugeriram uma trilha "melhor", de inicio fiquei na dúvida até porque voltamos uns 40m de onde a gente estava. Pegamos agora uma via mais fechada, mas continuamos no rumo....uns 40min na mata fechada e resolvemos parar para tomar  uma água. Como  a ideia era chegar ao sitio Tico Correia e este fica em um vale, a cada ladeira que subíamos estava no outro lado a esperança de encontrar o sítio. E finamente, depois de muitas pernadas em subidas e descidas, encontramos as nascentes do Tico Correia....ali, Adriano comentou o passado do sítio e relembrou as vezes que passou a noite por lá, das pessoas que freqüentavam e do que faziam. No sítio, o mato é fechado, a água limpa jorra por todo lado. Poucos sinais da velha casa do sítio, apenas a área plana e a bela vista para o litoral de cima da serra. No local, agora existia uma grande jaqueira. Descansamos ali uns vintes minutos, eu ao som do reggae e algumas pitadas de granola, enquanto isso, o Adriano, no registro com a câmera das belezas do velho sítio. E continuamos, encontrado pela frente  riachos, ora secos, ora com água e mais bifurcações. A trilha estava nos levando serra a baixo, foi aí que resolvemos voltar. Era um ponto crítico, pois já tínhamos andado muito e ainda estava longe do objetivo do dia. Depois de umas andanças chegamos às ruinas do famoso "castelo" da Serra de Maranguape.
Ruinas do Castelo

 Ali, sinal de civilização - coisa antiga,. Mais na frente árvores com armadores, usados para segurar as redes dos visitantes, e mais na frente às velhas ruínas do "castelo" com cara de velho e abandonado. Ficamos por ali, uma ida até a nascente, um banho no riacho e um rango com pão fresco e refresco de graviola na garrafa pet, muito bom. O preparo agora era mais delicado, já passava do meio dia e agora teríamos uma baita de uma subida até a pedra da rajada, mas antes uma passada pelo "ar-condicionado". Deixei minha mochila na encosta da pedra e subimos até o tal lugar ventilado. Boa parte da subida é rodeada por bambus e a cruz que marcava o local da morte de algum fulano, estava lá na beira do caminho. No "ar-condicionado" o vento gelado sem parar graças à vegetação em forma de túnel.
Ar-Condicionado
Algumas fotos e já de saída dali, e agora em direção a subida do dia que dá acesso a pedra da rajada. Agora sim, a meta do dia era chegar antes do anoitecer ao ponto mais alto da serra. E conseguimos, depois de muitas pernadas, paradas para descanso e um pouco de desorientação da minha parte na parte mais dificil de toda a trilha , chegamos a pedra da rajada e com direito a pôr do sol. A aventura do dia não parava por aí, a sorte agora era encontrar um local para acampar pois a noite e o vento já apontavam. A noite chegou, passar a noite ali seria uma experiência e tanto. A cerração logo baixou, fazendo com que vejamos apenas alguns metros a nossa frente. Aquilo se tornou perigoso porque estávamos bem próximos aos abismos e o risco de queda era muito grande. Mas, o medo não era de morrer ou coisa parecida, e sim de cair, se machucar e ter que passar a noite sentindo dores ou ter que preocupar o outro amigo na tentativa de buscar ajudar, ou coisa do tipo. Na verdade tudo corria bem, e o próximo passo agora era preparar algo pra comer. Foi aí que começou a grande luta, a luta contra vento. Fazer fogo mais de 800m ao relento não estava sendo nada fácil. A primeira tentativa foi usar uma fenda e com o uso de algumas pedras, reter o vento e acender o fogo na velha espiriteira. Não deu muito certo.
Continua...
 Por:  Pedro Graciliano " Gragra"

2 comentários:

  1. Muito massa Parabéns. Moro perto de maranguape, no município de maracanau, e não sabia que era tão legal a travessia dessa serra. Se rolar um bis avisa aí que eu vou. Gosto muito dessas aventuras. E mais uma vez parabéns pelo blog gostei muito. Vlwwwwwwwww

    ResponderExcluir
  2. ja frequentei muito esse lugar e massa mesmo

    ResponderExcluir