A muito tempo eu ouvia falar da
travessia da serra de Maranguape. Amigos, que muitas vezes se aventuraram, comentavam
que em 3 dias e 2 noite era possível trilhar a serra de ponta a ponta.
Chegaram as férias, e dentro de uma semana montei o
script, postei na comunidade
e esperei se algum maluco apareceria pra investir na sociedade. Alguns se atreveram, mas na hora broxaram. Então, entre umas
olhadas e outras pelo
google earth, consegui
marcar os principais ponto os quais eu iria passar. Feito isso, montei o equipo
e entrei em contato com o Selva. Liguei uma semana antes para o Adriano, falei
que estava querendo fazer a travessia e perguntei se ele toparia dá uma de
guia, já que era um dos que comentava muito sobre o tal
trekking. Fui direto ao
ponto, e sabendo que ele gostava de lua, sugeri a partida para o dia 25/06,
noite que a Lua estava cheia. Assisti ao jogo do Brasil que ficou no 0 x 0 com Portugal,
peguei minha mochila que tinha deixado já pronta, montei na moto e seguí para Maranguape.
Chegando lá levei um cagaço do Adriano por chegar atrasado. Disse, foi o jogo
mah! Afinal, o cara torce Argentina, é mole!! Comprei água e uns 600ml de álcool
no posto de gasolina, e mais 600 de pinga segundo o Adriano esta era um
presente para o caseiro, Seu Manuel, do sítio Zacarias. Liguei pro Célio, outro que sabia da
travessia. não ia, mas me ajudaria com um local para guardar a moto. Blz, guardei
a moto, como já era caminho eu e Adriano seguimos, primeiro em direção ao sítio
boa vista. Mas, isso era só o nicio, Adriano na frente,
seguiu tranquilo. Eu depois de
umas paradas de descanço, cheguei também ao primeiro pit stop, sítio "Boa
Vista". O relógio já marcava umas
5:40h e logo logo ia escurecer. Aproveitei para beber a água de uns
cocos e também encher meu cantil com ela... Adriano, já deu o toque para
continuarmos com a subida. E foi o que fizemos, passei uma lanterna pra
ele e
seguimos, agora rumo ao sitio Zacaria, local pra descansar e passar a
noite. Essa partir da trilha é mata fechada mas, a
trilha é bem visível, logo não tivemos dificuldades e eu,
já que acostumado, não estava mais
sentindo o cansaço como na primeira parte da subida. Chegando ao sítio
zacarias, por volta da 7h da noite, fiquei preocupado já que estávamos
chegando
sem avisar. Como já conhecíamos o caseiro Emanuel, seguindo tranquilo
até começar os latidos do cachorro do sítio. O Sr. manel estava acordado
e logo percebeu a nossa chegada. A lua estava clara, ficamos parados no
tereiro da
pequena casa de taipa até o Sr. Emanuel aparecer. Muito receptivo como
sempre,
seu manel nos reconheceu, falamos que estávamos fazendo a travessia da
serra e
que iriamos passar a noite ali. Sem problemas? Sem problemas, foi a
resposta dele. Tirei a barraca da mochila, e a deixei ali no terreiro
mesmo, já no local
de armar. Formos para o outro lado da casa, nos fundos, onde fica o
acesso à porta da cozinha. Sr manel não estava sozinho, tinha mais dois
primos com ele,
mas estes continuaram deitados. Tomamei meu banho e fui preparar o
rango.
Adriano, que não parava de falar, depois de muita delonga foi tomar o
dele.
Preparamos um sopão, e um saboroso refresco de graviola. Depois o
Adriano
presenteou o Sr. Manel com a pinga, onde o mesmo já foi misturando com
umas
cascas de pau, que eu não sei o que era, mas tinha um cheiro bom.
Armamos as nossas barracas, montamos os ninhos e passamos uma noite
tranquila. Ao amanhecer
preparamos um café, agradecemos a estadia ao Sr. Manel e seguimos em
frente.
Agora, como o objetivo de chegar ao sítio tico correia. Daqui pra frente
toda a
trilha era desconhecida para mim. Em uma trilha plana e cercada pelas
árvores, assim, continuamos a
caminhada por uns 10min, momento da parada e o grande Adriano resolve
fotografar as pedras. Continuamos, seguindo até nos debater com
a primeira bifurcação. Com o "guia" confuso, formos à sorte e pegamos a
esquerda por uma via mais aberta. Seguimos no caminho, que por sinal
estávamos
descendo muito e isso não era bom, até encontrar dois nativos que
estavam
se refrescando na nascente e quebrando coco seco na quina de pedra.
Pedimos
orientação aos amigos e nos sugeriram uma trilha "melhor", de inicio
fiquei
na dúvida até porque voltamos uns 40m de onde a gente estava. Pegamos
agora uma via
mais fechada, mas continuamos no rumo....uns 40min na mata fechada e
resolvemos
parar para tomar uma água. Como a ideia era chegar ao sitio Tico Correia e este fica em um vale, a cada ladeira que subíamos estava no
outro
lado a esperança de encontrar o sítio. E finamente, depois de muitas
pernadas em subidas e descidas, encontramos as nascentes do Tico Correia....ali, Adriano
comentou o passado do sítio e relembrou as vezes que passou a noite por
lá, das pessoas
que freqüentavam e do que faziam. No sítio, o mato é fechado, a água
limpa jorra
por todo lado. Poucos sinais da velha casa do sítio, apenas a área
plana e a bela vista para o litoral de cima da serra. No local, agora
existia
uma grande jaqueira. Descansamos ali uns vintes minutos, eu ao som do
reggae e algumas pitadas de granola, enquanto isso, o Adriano, no
registro com a câmera das
belezas do velho sítio. E continuamos, encontrado pela frente
riachos, ora secos, ora com água e mais bifurcações. A trilha estava nos
levando serra a baixo, foi aí que resolvemos voltar. Era um ponto
crítico, pois já tínhamos andado muito e ainda
estava longe do objetivo do dia. Depois de umas andanças chegamos às
ruinas do famoso "castelo" da Serra de Maranguape.
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Ruinas do Castelo |
Ali, sinal de
civilização - coisa antiga,. Mais na frente árvores com armadores,
usados para
segurar as redes dos visitantes, e mais na frente às velhas ruínas do
"castelo" com cara de velho e abandonado. Ficamos
por ali, uma ida até a nascente, um banho no riacho e um rango com pão
fresco e
refresco de graviola na garrafa pet, muito bom. O preparo agora era mais
delicado, já passava do meio dia e agora teríamos uma baita de uma
subida até a
pedra da rajada, mas antes uma passada pelo "ar-condicionado". Deixei
minha mochila na encosta da pedra e subimos até o tal lugar ventilado.
Boa
parte da subida é rodeada por bambus e a cruz que marcava o local da
morte de algum
fulano, estava lá na beira do caminho. No "ar-condicionado" o vento
gelado
sem parar graças à vegetação em forma de túnel.
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Ar-Condicionado |
Algumas fotos e já de
saída
dali, e agora em direção a subida do dia que dá acesso a pedra da
rajada. Agora
sim, a meta do dia era chegar antes do anoitecer ao ponto mais alto da
serra. E conseguimos,
depois de muitas pernadas, paradas para descanso e um pouco de
desorientação
da minha parte na parte mais dificil de toda a trilha , chegamos a pedra
da rajada e com direito a pôr do sol. A aventura do dia não parava por
aí, a sorte agora era encontrar um local para acampar pois a noite e o
vento já apontavam. A noite chegou, passar a noite ali seria uma
experiência e tanto. A cerração logo baixou, fazendo com que vejamos
apenas alguns metros a nossa frente. Aquilo se tornou perigoso porque
estávamos bem próximos aos abismos e o risco de queda era muito grande.
Mas, o medo não era de morrer ou coisa parecida, e sim de cair, se machucar e
ter que passar a noite sentindo dores ou ter que preocupar o outro amigo
na tentativa de buscar ajudar, ou coisa do tipo. Na verdade tudo corria
bem, e o próximo passo agora era preparar algo pra comer. Foi aí que
começou a grande luta, a luta contra vento. Fazer fogo mais de 800m ao
relento não estava sendo nada fácil. A primeira tentativa foi usar uma
fenda e com o uso de algumas pedras, reter o vento e acender o fogo na
velha espiriteira. Não deu muito certo.
Continua...
Por: Pedro Graciliano " Gragra"
Muito massa Parabéns. Moro perto de maranguape, no município de maracanau, e não sabia que era tão legal a travessia dessa serra. Se rolar um bis avisa aí que eu vou. Gosto muito dessas aventuras. E mais uma vez parabéns pelo blog gostei muito. Vlwwwwwwwww
ResponderExcluirja frequentei muito esse lugar e massa mesmo
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